A cidade


Sinto a repulsa dos dominadores...
Sou novo, sou ateu, sou anarquista;
Não sigo a mesma norma dos doutores
E ergo, acima das baias, minha vista.

                         Aperto, entre meus dedos compressores,
                         A garganta da casta comodista;
                         Anuncio outra lei e outros valores;
                         Sou a palavra santa que conquista.

Vou sozinho, arrostando o ódio dos amos...
E em pó, no topo da colina extrema,
Indico ao povo a Sião para onde vamos:

                        Vamos para a cidade iluminada!
                        Vejo-a ao longe, a faiscar, como diadema,
                        Entre a prata e os carmins da madrugada.


José Oiticica
-1919

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